terça-feira, 26 de outubro de 2010

Escravos em pleno Séc. XXI... !?

Eis a pergunta que tem me causado inquietação extrema nos últimos tempos...

As discussões acerca desse assunto sempre geram milhares e milhares de caras tortas, beiços retorcidos, testas franzidas e muita, mas muita concordância.
É impressionante como as pessoas conseguem perceber, numa conversa, o quão alienadas parecem estar. Contudo, o que me impressiona de maneira mais impactante é a incapacidade de sentar, parar e refletir sobre a possibilidade de mudança. Não é que as pessoas gostem de se verem reduzidas a peças de uma engrenagem gigante que nunca para. O problema reside nas imposições sociais, que são culturais/ideológicas e, por tal, constituem "verdades".

Vamos ver em que ponto escorregamos nas nossas crenças?

O que pensar de uma pessoa com seus 20-30 anos que não trabalha e nem estuda?
O que pensar de uma pessoa com seus 20-30 anos que apenas estuda e não trabalha?
O que pensar de uma pessoa com seus 20-30 anos que trabalha e que estuda?

De imediato, temos uma sutil tendência de ter maior aceitação (aceitação é uma boa expressão para essa idéia) pela opção daquele ser que é maior de 20 anos, trabalha e estuda, né? Os outros dois, por vezes, são encarados como possíveis jovens que não têm emprego simplesmente por que não procuraram ou, ainda, por outros motivos incontáveis que nos levam a crer que são possíveis vagabundos.

Na nossa sociedade, o que muito valorizamos acaba sendo uma possível independência financeira... Os seres mais aceitos em nosso meio são aqueles que têm dinheiro, que são capazes de consumir e, em suma, de fazer a engrenagem seguir rodando. E para isso, temos de trabalhar, trabalhar e trabalhar! Mas algo diferente acontecia nas sociedades antigas, que viviam sob outros regimes políticos e econômicos: todos trabalhavam para a comunidade, viviam em culturas de subsistência, trabalhavam para comer e seus momentos de lazer eram os momentos de lazer de toda a comunidade (festas, rituais, etc.). Havia divisão do trabalho: Uns caçavam, outros preparavam a caça, as mulheres tinham o papel sempre fundamental de educar e criar os futuros seres daquela comunidade. Tudo isso sem a menor (e ridícula) idéia de valoração diferente para trabalhos diferentes: cada um era fundamental para a existência da comunidade!!

Puxando a história para nossos dias e para nossas "mega-comunidades ultra desenvolvidas", tentarei abordar o que me intriga nesse papo todo.

Para vivermos nesse mundo é fundamental que tenhamos dinheiro para consumir. Para termos dinheiro, é imprescindível que gastemos alguns anos de nossas vidas presos em escolas e universidades na tentativa de ser "alguém" (e isso já é absurdo, afinal: Eu sou desde que nascí!). Passados os anos de preparação para o mecado de trabalho, chegamos no momento de trabalhar, de fazer a grande engrenagem girar. Trabalhamos, recebemos uma ínfima parte do dinheiro relacionado ao que produzimos. Em resumo, vendemos nossa força de trabalho, nosso tempo de vida,  para podermos consumir a comida que nos mantém e as coisas das quais não necessitamos tanto assim (mas precisamos possuir para sermos aceitos na "brilhante sociedade").

E seguimos nós trabalhando e trabalhando... E eis que chegamos ao cúmulo da imbecilidade: Nossos momentos de lazer, que [HOJE] nada mais são do que momentos de NÃO-TRABALHO, acabam sendo momentos de descanso da mente e do corpo para uma nova jornada de mais e mais e mais TRABALHO! Isso quando não acabamos forçados a vender os momentos de lazer e descanso para obter mais e mais dinheiro...

E nesse circo todo, [sobre]vivemos para trabalhar e ganhar dinheiro. E o que tem mais valor é alcançar o máximo de riqueza possível para que se possa gozar de períodos um pouco mais longos de VIDA com viagens, férias e descanso... E nos tornamos seres individualistas, essenciais apenas a nós mesmos. Perdemos muito de nosso sentido comunitário: jogamos o jogo uns contra os outros, afinal os espaços são poucos, e não mais uns com os outros!! Perdemos de fato muito da nossa capacidade de aproveitar realmente nosso momento de LAZER. Comprar é o que nos deixa felizes e satisfeitos...
O que me impressiona é que todos percebem esse marasmo, essa escravidão provocada pelo sistema, mas poucos são capazes de sentar, parar e refletir sobre a possibilidade de mudança.

Eis que cá estamos nós: ESCRAVOS DO DINHEIRO E TOMANDO CHIBATADAS MIL DE NOSSA PRÓPRIA CONSCIÊNCIA QUE NOS AFIRMA, A TODO INSTANTE, QUE ESSA NÃO É A NOSSA VIDA!! Ainda que se receba alguma remuneração pelo trabalho, creio que nada paga o desperdício de nossa vida!


Os caras, aqueles, que não trabalham, talvez ainda não sejam escravos dessa loucura toda. Talvez estejam um passo à nossa frente dependendo do ponto do qual analisamos toda a situação...

E pra ti: ACABOU A ESCRAVIDÃO??

Espero comentários...