terça-feira, 25 de novembro de 2008

QUESTÕES PARA REFLEXÃO

1. Quais os critérios de uma avaliação Tecnicista?
2. Quais os critérios de uma avaliação Mediadora?

De acordo com todos os conceitos que viemos tentando construir durante o semestre, na Atividade Acadêmica de Ação Pedagógica e Avaliação, e me valendo de conhecimentos elaborados em um processo de estabelecimento de relações desses conceitos com aprendizagens significativas provenientes das vivências em outras atividades propostas no currículo de minha graduação dentro da UNISINOS, buscarei, aqui, escrever um texto confrontando essas duas questões citadas acima.
Para iniciar, é preciso que entendamos que a educação no mundo é dividida em dois grandes blocos, a saber: um de reprodução de conhecimentos, que visa a manutenção do status quo social (adaptação do indivíduo à sociedade existente) e a não criticidade, com a finalidade da não tentativa de subversão de um sistema cômodo para a classe dominante; e outro de construção de conhecimentos, que visa uma transformação social por compreender a luta de classes existente e desigual. Alguns podem estar se perguntando sobre o que isso tudo tem a ver com as duas questões às quais este texto se refere. Seguimos adiante e vamos à resposta.
O grande choque existente, que coloca essas duas perspectivas de avaliação em estado de contraposição, está intrinsecamente relacionado com os blocos opostos citados no parágrafo anterior. Enquanto a pedagogia Tecnicista traz a idéia de formação do indivíduo competente para o mercado de trabalho, baseando-se na idéia de adequação do indivíduo à sociedade e avaliando o resultado final (ênfase no “produto”), as pedagogias que propõe uma avaliação Mediadora consistem em problematizar a sociedade existente, buscando transformá-la e torná-la mais justa. Nesse sentido, podemos perceber o forte e potente veio político que muitas vezes fica implícito e escondido nas ações pedagógicas, potencializando ideologias.
Partindo de forma mais clara para responder as questões propostas, as duas perspectivas de avaliação se distinguem em objetivos, formas, conteúdos e significados. A compreensão da avaliação, de modo geral, é distinta. Segundo BEHRENS:

“A avaliação na abordagem tecnicista visa ao produto. O sistema de Instrução leva a desencadear processos de avaliação na entrada (pré-teste) e na saída (pós-teste) do sistema. A educação é proposta como em uma fábrica: o aluno entra numa esteira de produção, é processado e resulta num produto. (...) As avaliações reprodutivas levam à exigência de uma forte dose de memória e retenção e, por conseqüência, ocasiona um alto índice de reprovação. A tônica é na informação, na palavra, e não na formação e no espírito crítico.” (2005, p. 51)

O critério fundamental de avaliação na tendência tecnicista fica, de acordo com LIBÂNEO (1984, p. 30), por conta de uma “modificação de desempenho”. Se possível, mais adequado seria se o aluno respondesse aos questionamentos da prova de acordo com as palavras do professor ou como consta no manual (ou livro didático) utilizado nas aulas. Ainda seguindo LIBÂNEO, “o ensino é um processo de condicionamento através do uso de reforçamento das respostas que se quer obter” (1984, p. 31). HOFFMANN (2003), afirma que a avaliação, nesse sentido, tem fins classificatórios, sendo opostos à uma educação de qualidade. Assim, somente “os melhores” (de acordo com uma avaliação que não busca a reflexão e o pensamento lógico) estarão preparados e prontos para ingressarem no mercado de trabalho.
Em contraponto ao que vinha sendo dito neste texto, mudo, a partir de então, o eixo da fala, do entendimento e da lógica que competem às questões relacionadas à avaliação para tratar de uma perspectiva Mediadora, que visa atender às reais necessidades dos alunos enquanto seres imperfeitos, sedentos pelo conhecimento, que precisam estar situados sobre seus avanços no seu processo ensino-aprendizagem.
Na tentativa de se criar alternativas que trouxessem à educação uma garantia de aprendizagem e de avanço nos conhecimentos trabalhados, ampliam-se as concepções da avaliação e o entendimento sobre esse elemento fundamental no processo educativo. Busca-se, então, atribuir um sentido real e um significado real para a avaliação e esta deixa de ser, na perspectiva Mediadora, mera atribuição de uma nota. Assim, pretendo-se alcançar uma educação que transforme o educando em sujeito do seu conhecimento, BECKER apud HOFFMANN (2003, p. 25) diz:

“...quanto mais o educando for objeto dos conhecimentos nele depositados, menos condições terá de emergir como sujeito de consciência crítica, condição esta de sua inserção transformadora no mundo.”

Na avaliação mediadora, o professor deve buscar realizar um acompanhamento sistemático e gradual de cada um dos alunos, provocando-os e os instigando à pesquisa e à busca incessante por novos conceitos que deverão ser re-significados com a mediação do profissional, construindo-se o conhecimento. Dessa forma, HOFFMANN (2003, p. 28) afirma:

“O significado primeiro e essencial da ação avaliativa mediadora é o ‘prestar muita atenção’ na criança, no jovem, eu diria ‘pegar no pé’ desse aluno mesmo, insistindo em conhecê-lo melhor, em entender suas falas, seus argumentos, teimando em conversar com ele em todos os momentos, ouvindo todas as suas perguntas, fazendo-lhe novas e desafiadoras questões, ‘implicantes’, até, na busca de alternativas para uma ação educativa voltada para a autonomia moral e intelectual. Autonomia, que segundo La Taille (1992, p.17), ‘significa ser capaz de se situar consciente e competentemente na rede dos diversos pontos de vista e conflitos presentes numa sociedade’”.

A avaliação mediadora, portanto, não se limita a atribuir uma nota ou um conceito, mas, sim, serve para manter o aluno informado sobre as possíveis aproximações ou quanto aos distanciamentos das suas argumentações em relação ao eixo curricular norteador do processo ensino-aprendizagem. De fato, o trabalho é muito mais complicado, mas professor algum pode se acomodar diante de uma escola que não prime pelas reais aprendizagens dos alunos.

Referências Bibliográficas:

• BEHRENS, Marilda Aparecida. O paradigma Emergente e a prática pedagógica.
Petrópolis, RJ : Vozes, 2005.
• LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da Escola Pública: a Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos. São Paulo -SP : Edições Loyola, 1984.
• HOFFMANN, Jussara. Avaliação mediadora: uma prática em construção da pré-escola à universidade. Porto Alegre -RS : Editora Mediação, 2003.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Síntese do texto “Capoeira e Educação Popular”, de Anselmo da Silva Accurso.

Desde os tempos primitivos, o homem está engajado numa constante evolução de suas técnicas e no desenvolvimento de suas culturas variadas, seus costumes, seu crescimento pessoal e de seu grupo. De acordo com o que nos fala Paulo Freire, é fundamental, para o seu crescimento interior, que o homem se perceba enquanto ser inacabado e imperfeito, capaz de adquirir aprendizagens e “somar” (internalizar) valores culturais que o permitam avançar na sua concepção de mundo.
Cada sociedade constrói, em seu meio, a sua história e se desenvolve à sua maneira, através das descobertas e dos domínios de técnicas de trabalho e/ou de organização social. Ainda, os valores culturais aprendidos por integrantes mais velhos da mesma comunidade são internalizados de forma automática pelos membros mais novos, de forma que essa cultura não morre e se recria (ou se renova), desenvolvendo-se e evoluindo. Essa evolução compreendida como auto-descoberta permite que comunidades distintas atinjam, em tempos também diferentes, graus de desenvolvimento mais elevados. Esse fator, de acordo com as mudanças políticas e econômicas ocorridas, acaba por abrir espaço para as dominações de uns povos sobre os outros. O que funcionava dentro de uma economia de subsistência (plantar e colher apenas o necessário para a sobrevivência do grupo), acaba sendo substituído por uma economia embasada nas trocas de produtos na qual o excesso da produção passa a ser moeda de troca e, dessa forma, quanto mais se produz, mais se conquista. Na “necessidade” de aumento da produção, o homem acaba entrando numa corrida incessante de acúmulo de riquezas, o que fortalece o ideal de dominação de um povo sobre o outro, com vistas na necessidade de aumento da mão-de-obra para a maior produção. É nesse processo que os dominados acabam perdendo sua identidade e deixando de “fazer cultura” (p. 129). Seguindo na linguagem do autor,
“Um povo sob o domínio de outro simplesmente deixa de ser sujeito de sua vida, passando a objeto de outros interesses. O povo dominado se desestrutura, já não opina, não entendendo o processo a que foi submetido. Do homem dominado é pervertido o curso de sua história, fazendo-o não compreender o novo mundo a que foi submetido. (...) Sua mutação de sujeito em objeto impede-o de atuar, dando lugar a um ser frustrado, perdendo seu engajamento na construção de sua liberdade. (...) Assume a cultura do dominante e a ideologia da dominação” (p. 129)
Paulo Freire, inúmeras vezes lembrado pelo autor do texto, reafirma o processo de dominação dos europeus (Portugueses e Espanhóis) sobre o povo latino-americano. Fala sobre a possibilidade de usarmos termos como “sociedades-sujeito”, para aquelas agentes de sua própria história (muitas vezes são as dominadoras), e “sociedades-objeto”, para aquelas que sofreram e/ou sofrem com a dominação de outras sociedades e que vivem, por vezes de forma passiva, um processo de adesão de uma ideologia e de uma cultura que não lhes cabe, perdendo suas raízes e sua própria identidade.
De um processo de dominação de uns povos sobre os outros nasceram as escolas, previstas inicialmente para catequizar os subalternos para as regras da dominação, entregando-lhes uma cultura nova, novos valores morais e éticos e etc. As escolas, ainda hoje, costumam repetir os erros adquiridos nos tempos de quando criada, se tornando alienante ao disfarçar/evitar a realidade histórica contundente e espantadora de nosso país, necessária para o entendimento de nossa sociedade como um todo e para o resgate de nossas raízes, de nossa identidade cultural. Accurso, de maneira impecável, diz que o professor de nossa sociedade, de um modo geral, “não se compromete em revelar a história, preferindo a comodidade de ver um mundo de conveniências” (p.133). Toda essa negação à verdade motivada pelo comodismo dos profissionais da área, aliada a uma desvinculação dos conteúdos a serem ensinados com a realidade dos alunos, acaba afetando a educação como um todo de modo bastante prejudicial.
A proposta à qual este texto se refere – Educação Popular -, visa uma transformação na área da educação e, por conseqüência, na sociedade. A Educação Popular se baseia, de forma direta, numa relação próxima entre os aprendizes e os conteúdos a serem aprendidos, ou seja, numa engajada busca da aprendizagem sobre as temáticas que englobam e afetam a sociedade local (o contexto social). Faz-se necessária uma busca incessante pelo entendimento da realidade social para que se torne possível a percepção da importância de mudá-la para melhor. Isso não significa a negação dos saberes acadêmicos, mas sim, o entendimento da interdependência entre o saber formal (científico) e o saber popular.
Para o autor do texto, propositor da capoeira como ferramenta de Educação Popular, esta luta/cultura de resistência muito pode contribuir para que se atinjam patamares de uma educação mais ampla e verdadeira que descubra a realidade para as pessoas e que possibilite a transformação social. Para ele, “é possível relacionar as épocas, desde o colonialismo ao capitalismo, fazendo com que o praticante da capoeira se situe em seu espaço temporal, descobrindo as verdadeiras raízes do povo brasileiro, daqueles que construíram as bases econômicas deste País.” (p. 140).
Ao final, Accurso faz uma breve crítica à transformação da capoeira em um produto que pode ser consumido. De um modo geral, o texto tenta salientar a importância da capoeira como ferramenta educativa para o resgate da identidade cultural de nosso País. Ainda, busca alertar os educadores da atualidade para uma tomada de consciência frente às problemáticas referentes às relações sociais entre as classes: dominantes e dominados. Como agente transformador da sociedade, o professor não pode (e por mais que consiga não o conseguirá ser) ser neutro em suas atitudes. Para finalizar esta síntese, um trecho do autor que convoca os profissionais da educação para uma reflexão profunda e interessante:
“É imprescindível que tanto o professor de sala de aula quanto o trabalhador social façam uma opção chave. Uma alternativa é que sua ação seja para manter a sociedade atual, ou melhor, adestrar o homem para um desempenho de conformismo; outra, é buscar a transformação da sociedade através do homem inconformado. Não existe neutralidade. Aquele que se diz neutro se resigna a objeto da história. Decorrência da primeira alternativa é sua ação entediadora na sala de aula e assistencialista no trato com as comunidades.” (p. 137).


Referências Bibliográficas:
· ACCURSO, Anselmo da Silva. Capoeira – Um instrumento de Educação Popular. Produção Independente.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Síntese do texto “A prática da capoeira e sua contribuição à conscientização social”, de Anselmo da Silva Accurso.

Há muito tempo discutem-se questões relacionadas ao preconceito racial e à discriminação no Brasil, bem como fala-se da já instaurada superação desses problemas que assolam a nossa gente. São inegáveis as problemáticas referidas acima em nosso país ainda na atualidade. Por mais que se tente esconder e negar todo o distanciamento social entre as classes oprimidas (negros, índios, mulheres, homossexuais, etc.) e as opressoras, o preconceito continua a realizar seu impiedoso “papel social” (que serve somente ao opressor) na manutenção das muralhas criadas entre classes sociais distintas.

No texto referido, o qual originou essa síntese, o autor relata que por muito tempo o negro, de forma mais específica devido à relação do texto com a prática da Capoeira, “foi tratado como ‘coisa’” ( p. 115) e que, para isso, teve de ser distanciado de sua cultura, de suas crenças, “esvaziado”, como diz Accurso com base nas palavras de Ilíada Pires da Silva.

De um modo geral, a leitura do texto de Accurso nos provoca para a reflexão frente às questões ligadas aos problemas que acabam, infelizmente, por caracterizar nossa realidade social e econômica atualmente. Conectados diretamente com fatores historicamente constituídos, os problemas sociais de hoje se apresentam da mesma forma como nos tempos da escravidão, alterando-se apenas o sistema econômico vigente. Para o autor, os “valores” do colonialismo ainda imperam em nossa sociedade de modo que aquele que vende sua força de trabalho dificilmente tem condições suficientes para alcançar uma vida digna que o possibilite suprir suas necessidades básicas e, ao mesmo tempo, tornar-se livre. Há uma mínima possibilidade de ascensão social e, ainda, uma força opressora invisível (ideologia dominante) que pressiona intensamente as classes oprimidas e que nega a história (por deter controle e poder), diferentemente dos tempos do cativeiro no qual o “senhor” era conhecido. Assim, toda e qualquer classe oprimida, negada, marginalizada, sejam negros, índios, amarelos, alguns brancos, mulheres, homossexuais, entre outras, lutam pela liberdade e contra um mesmo opressor, mas não conseguem e talvez nem pensem numa possível articulação e união de suas forças por um mesmo ideal: LIBERDADE.

Faz-se necessário um resgate da história e da cultura de cada um desses grupos para que seja possível a reaproximação das massas com suas identidades culturais, situando-os enquanto agentes da história e não apenas como espectadores de um mundo criado por outros. Assim, entra em cena uma ferramenta ímpar para esse resgate cultural dos negros e dos oprimidos de um modo geral: a capoeira e suas origens, sendo encarada como luta de resistência de um povo contra a dominação, de um ideal de liberdade e, por tal, elemento subversivo da lógica dominante. De acordo com Accurso, na capoeira

“a humildade impera, colocando todos juntos, traço de uma cultura empalidecida, mas viva. O negro e o oprimido em geral vão se encontrando e se afirmando como pessoas, firmando-se como guerreiros contra o inimigo poderoso. Vão aprender a humildade, onde ninguém é mais que ninguém, sem curvar a cabeça para os opressores. Isto é transformar-se de espectador em sujeito da história.” (p. 120)

Aos negros, a prática da capoeira traz, de forma direta, a possibilidade de situar-se na história e descobrir-se enquanto negro, valorizando sua cultura e a sua força (ou de seus ancestrais), não temendo a discriminação devido à compreensão do seu real valor. Aos brancos, oprimidos ou opressores, fica o exemplo vigoroso de uma luta social capaz de resistir por longos períodos sem perder seu foco. Segue o autor dizendo: “Quando cada um entender a história de sua classe, ficará mais ampla a compreensão das relações sociais e mais difícil aceitar a desigualdade e a discriminação” (p. 122).

“A capoeira é imprescindível neste processo de conscientização e de identificação com a cultura negra e sua luta. Não podemos reduzi-la apenas a um desporto ou produto exótico de consumo, nem a técnica fria sem comprometimento com sua cultura de resistência. Sem dúvida, a capoeira tem mensagem, tem luta, tem arte suficiente para colaborar com um movimento comum em que todos rompam preconceitos e discriminações, formidáveis muralhas entre os homens, que tanto interessam aos que os subjugam.” (p. 126)

Referências Bibliográficas:

· ACCURSO, Anselmo da Silva. Capoeira – Um instrumento de Educação Popular. Produção Independente.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Lembre-se sempre...

Lute e não esqueça de VIVER A VIDA da maneira mais intensa possível antes de se entregar.
A intensidade dos diversos momentos de nossas vidas é ditada pelo nosso coração. Viva, se entregue à vida, aventure-se. Ninguém melhor do que você mesmo para definir o valor que sua vida merece. Ninguém melhor do que você para saber o que fazer do seu tempo.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Da Nossa Imortalidade

(Jefferson Castro)

Tenho visto circular uma mensagem do Senhor Juremir Machado da Silva pela Internet, principalmente em espaços onde há algum gremista. A mensagem deste diz:

"... Eu 'seco', mas também desejo que um dia o Grêmio alcance, a exemplo do Inter, um título mundial de clubes Fifa. Não agora. Mais tarde. Sou contra falsificações, cópias, clones e outras derivações. Eu teria mais apreço pelos gremistas se eles vissem o próprio clube como representante de uma 'alma gaudéria', não de uma 'alma castelhana' trazida de contrabando. O assunto, porém, é 'secar'. Trata-se de uma arte. Exige requinte, concentração, rituais e fé. Quero lembrar aos gremistas que, como diz o ditado, Santos fora de casa fazem milagres. Um desses milagres é o da multiplicação dos gols. Na verdade, eu preferia não 'secar'. Mas aprendi que nunca se deve dar mole para gremista. O menor sinal de COMPAIXÃO ou de TOLERÂNCIA leva sempre a arrependimento. O gremista básico é dominado por um sentimento esdrúxulo de superioridade. A prova disso é essa ilusão da 'imortalidade' que começa a ser tomada como uma verdade. Se o Grêmio é imortal, os Santos são eternos...".

Fico abismado com a falta de percepção deste homem ao escrever a passagem acima. Como "secador" que é, tenta de todas as formas descaracterizar a conquista tricolor de 1983. Cito falta de percepção pois, ao mesmo tempo em que ele afirma que o Grêmio não tem o Título do Mundial Interclubes da FIFA acaba, não sei por qual motivo, deixando escapar que é contra cópia, falsificação, clone, o que provavelmente vem a ser a idéia dele sobre o nosso mundial e, assim sendo, admitindo que temos o mesmo título que eles.

Outro fator que me tira o sossego (mas juro que é bem pouquinho), é quando ele fala sobre a idéia de "alma castelhana", tão citada entre a torcida gremista. Talvez lhe refresque a mente se eu lembrá-lo que, já que o assunto é secar, no dia 20/06/2007 era a torcida colorada quem figurava de "alma castelhana", esquecendo, como num passe de mágica, todas as vezes que o Inter lançou o tradicional "fogão 4 BOCAs". Chegava a soar engraçado eles falando sobre dançar tango e gritando aos 4 ventos "Soy del Boca" (QUE TORCIDA APAIXONADA!).

Parando um pouco com as "alfinetadas", prefiro falar um pouco sobre a "Alma Gaudéria", a qual ele também menciona e, pelo visto esquece que é a única virtude que o time dele nunca conseguiu ter. "Alma gaudéria", de Dinho, de Sandro Goiano, de Herrera e de todos aqueles gremistas que sempre fizeram do campo de futebol um espaço onde o adversário se sentia acoado frente a tanta raça. "Alma gaudéria" de Felipão, do Grêmio de 1995 e de todos os Grêmios até hoje, que lutam bravamente por cada centímetro quadrado dentro das linhas demarcatórias do tapete verde, nosso campo de batalha preferido. E não te engana amigo colorado: Não digo que somos a favor da violência no futebol. Apenas somos a favor das batalhas limpas que valem títulos e glórias, confiando em viradas extraordinárias onde a coragem e a entrega valem muito mais do que "3 balõeszinhos de ombro".

Indo além, afirmo que o "gremista básico" não existe. O que existe é gremista apaixonado por um clube de futebol que sempre mostra a que veio. Não ouse falar sobre nosso sentimento que, quer você tente entender, nunca conseguirá. Nosso sentimento não é de superioridade, mas de confiança, sempre! O decadente "campeão mundial" colorado ainda é novo demais em meio aos grandes do futebol para entender que "um caneco" ganho com o maior esforço tem sempre o dobro do valor.

Após tudo isso dito, creio que vocês, colorados, estarão aptos a entender (apenas entender) que "imortalidade" nada tem a ver com ganhar ou perder jogos ou campeonatos. Nossa Imortalidade está no espírito guerreiro de ser, na bravura de cada um que se dedica a torcer, vibrar, lutar por um ideal e, principalmente, no reconhecimento do esforço dedicado para se atingir um ideal. Assim sendo, Imortal não é quem nunca perde UMA BATALHA, mas QUEM NUNCA DEIXA UM AMOR MORRER!!

Reflexão sobre a “Crítica à Metodologia Expositiva”, de Celso Vasconcellos.

(Jefferson Castro)

Durante a leitura do texto de Vasconcellos, fica evidente a preocupação do autor para com o fato das dificuldades de superação da metodologia expositiva que, para ele, acabam engessando os alunos para tentativas inovadoras e eficientes. Ele aponta para vários aspectos legitimadores e sustentadores de métodos tradicionais nas escolas, tais como a pressão social (de pais, de alunos, dos professores e da própria escola), a avaliação (na medida em que cobra do aluno respostas mecânicas e prontas), imposição de tarefas a cumprir (necessidade de cumprir com os assuntos do programa curricular), baixo custo para a educação, comodidade do professor (pela facilidade de expor assuntos sem questionamentos) e a reprodução social (educação alienada; forma-se a mão de obra para o sistema vigente).

O texto nos convida a uma viagem histórica para que se compreenda a fundamentação e a formação dos preceitos que impregnam a educação.

Numa crítica mais direta, inúmeros fatores negativos são levantados pelo autor, pautados pela ineficácia, para alunos e professores, das simples exposições de temas e assuntos descontextualizados de uma realidade concreta. Para Vasconcellos, as metodologias do paradigma educacional tradicional são alienantes e trabalham com a memorização de respostas mecânicas, prontas para serem expelidas como reação a um determinado (e exato) estímulo: uma pergunta própria/adequada/direta, de preferência igual à de sempre. Não se pensa nem se reflete, não se permite ao educando a inquietação/indagação, tão valorizada por Paulo Freire, pois o que importa é a exposição do professor que está a frente da turma como representante de uma verdade acabada, que possui um fim em si.

Para finalizar, destaco um questionamento levantado por Vasconcellos em seu texto, no momento em que dispara contra a hiper-valorização que se dá ao cumprimento do currículo escolar (ressalto que o professor raramente participa da sua elaboração), e que é bastante pertinente e necessária a qualquer profissional da área da Educação: “a tarefa fundamental do educador é cumprir o programa ou propiciar a aprendizagem dos educandos?”. Dessa forma, provoco: onde está a prioridade da nossa educação?

Referências bibliográficas:
VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Construção do conhecimento em sala de aula. 13ª Ed. – São Paulo; Libertad, 2002.


segunda-feira, 16 de junho de 2008

Um balaço contra o comodismo...

Uma frase para começar a semana (melhor)...


"É melhor atirar-se em luta, em busca de dias melhores, do que permanecer estático como os pobres de espírito, que não lutaram, mas também não venceram. Que não conheceram a glória de ressurgir dos escombros. Esses pobres de espírito, ao final de sua jornada na Terra, não agradecem a Deus por terem vivido, mas desculpam-se diante dele, por simplesmente, haverem passado pela vida."
(Robert Nesta Marley - "Bob Marley")


FAÇA ACONTECER!!


sexta-feira, 13 de junho de 2008

Soletrando...

Atendendo a pedidos (e alguns empurrões que clamavam uma atualização)...

Gostaria de ver o pequeno campeão nacional de soletração vencer um Maori (povo nativo da NZ) nessa empreitada.

Atenção, brasileirinho aloprado... Para ser o campeão mundial de soletração, soletre corretamente a palavra:



Se você conseguiu, parabéns... Se vc não conseguiu, soletração não é a sua área!!rsrs

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Pensamento do Dia...

Retirado da música Stairways to Heaven do Led Zeppelin:


"But in the long run there's still time to change the road You're on."


(BR - Mas na longa caminhada ainda há tempo para mudar a estrada na qual se está.)


terça-feira, 27 de maio de 2008

Sucesso Escolar X Sucesso Educacional

(por Jefferson Castro)
Há tempos venho refletindo sobre o conflito traduzido no título desse texto. Para a manutenção de tal conflito, que julgo como sendo nada menos do que muitíssimo equivocado, atribuo o pouco entendimento do que realmente desejamos com a nossa Educação e o sistema escolar de um modo geral. O que é EDUCAÇÃO, afinal? Para que ela serve e a quem serve? O que é aprendizagem!?
Educar seria simplesmente preparar pessoas para o mercado de trabalho, como se o sistema educacional funcionasse da mesma forma que uma fábrica de ferramentas? Seria manter um sistema rígido e fechado que [de]forma as pessoas através da repetição e da famosa "decoreba", como se o conhecimento fosse uma espécie de projeto de reflorestamento no qual se reconhece que PINHEIRO é bom e passa-se a plantar PINHEIRO em todas as cabeças na busca de uma unidade de pensamentos? Ainda, educar seria nada mais do que preparar um aluno para uma prova de vestibular ou qualquer outro exame de admissão? Aprender é saber explicar conceitos ou vai além?
Creio, pessoalmente, embasado em inúmeras leituras e muitas horas de diálogo, que o conflito ao qual este texto se refere se dá sim por um desnorteamento quanto ao que queremos com a Educação no Brasil. Fala-se muito em inclusão social, em democracia, em Paulo Freire, em ideais de igualdade e melhoras nas condições sócio-econômias da população, mas acabo vendo tímidas mudanças relacionadas à nossa educação de um modo geral. Continuamos precisando, na escola, preparar os alunos para um vestibular. Pouco interessa o aprendizado: o aplauso vai para o número 1 da turma que, em muitos casos, usou das mesmas palavras proferidas pelo professor para conceituar a Citologia. No vestibular, a vaga é daquele que, sem saber escrever seu nome, marcou um "X" na resposta mais bonita e correta.
De forma alguma, também, posso falar que não há mudanças. As mudanças ocorrem e dão resultados, ainda que sejam algumas poucas tentativas aqui e lá. De qualquer forma preciso manifestar minha vontade de mudanças no campo que julgo fundamental e básico para qualquer sociedade. Assim, afirmo sem dúvida alguma que o Sucesso Educacional têm prioridade ao Sucesso Escolar. O valor da educação está no aprendizado, na vivência, na experiência, naquilo que nos toca, e não pode ser medido através de uma falha atribuição de notas.
A Educação está de pé e sua força humanizadora não diminuiu. Ela só precisa ser repensada para além das simples necessidades de mão-de-obra do sistema, afinal de contas o tempo não pára, a Educação se reinventa a cada dia e o pensamento do HOJE certamente influenciará o AMANHÃ.


sexta-feira, 23 de maio de 2008

Considerações sobre o texto “Os jogos desportivos coletivos e as inteligências múltiplas na interface da relação homem e ambiente”, de Balbino.

Ao iniciar o texto acima mencionado, o autor nos traz indícios e bases para que melhor compreendamos as possibilidades de relação entre homem e diversos ambientes, dando-nos a importância da dimensão real das vivências em jogos coletivos, sua direta relação com o meio social e a interação com as múltiplas inteligências relatadas por Gardner.

Na fala em que pontua conceitos de qualidade de vida, Balbino explica que o homem é “produto dos relacionamentos firmados com o mundo exterior e consigo mesmo, dos significados extraídos dos desafios enfrentados em diversos momentos” (p. 353). Com o avanço da tecnologia e as mudanças bruscas nos modelos de vida da humanidade de modo geral, o homem necessitou adquirir uma capacidade de adaptação rápida aos estímulos do ambiente (sociedade), se colocando aberto à espera por momentos de alegrias, tristezas, vitórias, derrotas, bem como momentos no qual deve superar, sozinho, expectativas que lhes cabem dentro de determinado grupo ou se permitir ao diálogo e à interação com o mesmo. Assim, segundo o autor, os jogos desportivos coletivos (JDC) se transformam em poderosa ferramenta para aprendizagens que possibilitam uma melhora na qualidade de vida daquele que participa do esporte. Pessoalmente, acredito que o trabalho dos desportos coletivos (principalmente no desporto escolar) inserido e amparado por um contexto maior relacionado à manutenção da saúde, à interdependência fundamental dos participantes (cooperação) e ao desenvolvimento de uma maior consciência social, tem validade garantida e impacto eficiente se comparado ao trabalho isolado do “esporte pelo esporte” e da “vivência pela pura e simples vivência”. Esse trabalho isolado é um dos fatores que acaba por tornar desacreditada a nossa área de conhecimento pela não relação com uma aprendizagem que não aquela da aquisição de alguma habilidade motora.

Prosseguindo na síntese do texto, Orlick (1978) apud Balbino relaciona os jogos e o esporte com a sociedade indicando que aqueles podem representar reflexos desta. Me apropriando das palavras de Orlick, que diz que os jogos podem representar refletidamente algumas características próprias do meio em que vivemos, vou além para uma possibilidade de re-significação, através do esporte, desta mesma sociedade refletida. Da mesma forma que características da sociedade perpassam a vivência do jogo em si, este mesmo jogo, sem sombra de dúvidas, pode colaborar para uma possível recriação de conceitos e valores internalizados e estabelecidos nessa sociedade através da reflexão e do aprendizado proveniente do esporte/jogo.
Indo adiante, a riqueza da diversidade de idéias, maneiras, atitudes, movimentos e estratégias envolvidas em determinado jogo por uma equipe formada por um grupo de pessoas distintas ilustra a incrível gama de possíveis relações existentes numa vivência desportiva. Para se jogar em uma equipe de modo organizado, é preciso que a pessoa se permita (sem se submeter) adentrar nessa rede infinita de relações que têm um caráter individual (próprio de cada um), mas que se manifesta para um bem comum e maior a todos. Além desses fatores que exemplificam de certa forma a cooperação, os JDC funcionam como um extremo estímulo ao desenvolvimento da inteligência para além da simples adaptabilidade, na medida em que cobra, na individualidade de cada ser, respostas rápidas e precisas aos problemas que surgem. Assim, o autor do texto insere em sua obra a relação entre os JDC e as múltiplas inteligências proposta por Howard Gardner (1994), listando:

· Inteligência Corporal Cinestésica: expressa pela capacidade de utilizar o corpo ou partes dele para solucionar problemas ou criar novos produtos. Também expressa a habilidade com que se manipulam objetos com as mãos, pés e outras partes do corpo humano, além da capacidade de utilizar o corpo como forma de expressão e linguagem.
· Inteligência verbal lingüística: é a inteligência fundamental para a existência das relações. Se expressa pela compreensão e pelo desenvolvimento da fala, da escrita e da leitura.
· Inteligência lógico-matemática: É expressa pela capacidade que o ser humano demonstra de resolver cálculos, expressões, problemas lógicos, raciocínio dedutivo e indutivo, etc. Nos JDC se manifestam em estatísticas de jogos e esquemas gráficos.
· Inteligência Espacial: Identifica-se essa inteligência pela facilidade de compreensão do espaço (ambiente) de jogo, noção de tamanho, profundidade de quadra, distâncias, alturas, etc.
· Inteligência Musical: Traz para o indivíduo que a detém de forma apurada a compreensão rítmica e a execução de movimentos dentro de determinado ritmo.
· Inteligência naturalista: Se dá pela capacidade de identificação de plantas, animais e demais características do ambiente. Nos JDC expressa a inquietação na aprendizagem das funções dos sistemas biológicos (organismo) durante exercício programado.
· Inteligência Interpessoal: Se refere à compreensão do outro e dos seus sentimentos e necessidades. É fundamental para a formação e manutenção dos relacionamentos entre os seres.
· Inteligência Intrapessoal: É a capacidade de auto-conhecimento. Conhecer seus limites, anseios, necessidades. Nos JDC expressa a capacidade de demonstrar equilíbrio psicológico e suporte à pressão.

De acordo com o descrito acima, a compreensão da relação entre o ambiente dos JDC e as múltiplas inteligências do ser humano propostas por Gardner nos permite perceber o indivíduo em sua totalidade durante a vivência desportiva. Dessa forma, dar possibilidades de um completo envolvimento do aluno com o ambiente do desporto coletivo pode contribuir para seu efetivo desenvolvimento de acordo com os preceitos de qualidade de vida.

Referências Bibliográficas:
MOREIRA, Wagner Wey e SIMÕES, Regina. Esporte como Qualidade de Vida. Piracicaba: 2002.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Escola e Dança

(por Jefferson Castro)
Nas escolas brasileiras, historicamente, carrega-se a imagem da Educação física aliada e extremamente dependente das vivências desportivas. Essa restrição da dimensão e do campo de estudos de nossa área está prevista na maioria dos currículos escolares de nosso país, apoiando nosso conhecimento estritamente em esportes como o Basquetebol, Voleibol, Futsal e o Handebol.

Tenho notado que, atualmente, com as modificações realizadas nos próprios cursos de Graduação - especificamente nas licenciaturas - em Educação Física nas Universidades, os profissionais da área já tendem a um pensamento mais amplo referente ao nosso campo de atuação dentro das escolas e, inclusive, refletem de forma mais freqüente sobre suas práticas e sobre a importância das vivências de movimento corporal.

Com efeito, os profissionais da área da Educação Física têm se aberto à propostas que visam correlacionar as atividades físicas elaboradas nas aulas com questões ligadas à manutenção e melhora da saúde humana e ao desenvolvimento de aspectos afetivo-sociais de cooperação. Assim, a Educação Física escolar toma forma e passa de um simples momento de descontração para uma área de aprendizagens significativas que se incorporarão à vida social dos educandos.

A dança, dessa forma, entra em cena trazendo seus aspectos mais característicos, tais como a capacidade de socialização, as aprendizagens vinculadas às questões de consciência do corpo no espaço, as noções de respeito a um determinado ritmo e um tempo musical, além, é claro, das possibilidades de diversão. Ainda, a dança é capaz de permitir aproximações entre culturas diversas e transpor eventuais choques culturais. Provoca, também, um profundo auto-conhecimento a partir do momento em que o aluno começa a perceber que o corpo dele tem limites e que esses limites podem ser extrapolados por meio da prática e de maior vivência.

Percebe-se, portanto, que as possibilidades de educação por meio da dança são inúmeras e compete a nós mesmos a busca do devido espaço para mais esta modalidade dentro das escolas de nosso país.


segunda-feira, 19 de maio de 2008

SER PROFESSOR

(Jefferson Castro)
Muitos são os problemas enfrentados pelos profissionais da educação na atualidade: a falta de tempo, a necessidade de compreender e acatar os anseios de seus alunos, o volume de informações circulantes nos diversos tipos midiáticos, determinada inversão da lógica da autoridade dentro da sala de aula, os baixos salários e até mesmo uma certa desconfiança depositada na educação. Esses são apenas alguns fatores que têm levado educadores de todas as áreas a uma profunda e constante reflexão sobre a situação educacional de nosso país. Além disso, a educação como área fundamental para o desenvolvimento sócio-político de um povo traz em si uma responsabilidade gigantesca que, muitas vezes, acaba por assustar os futuros educadores.

Mais do que nunca, ao que me parece, o campo da educação exige profissionais capacitados, extremamente ligados à prática que lhes cabe e coerentes, em suas atitudes, com o discurso que apresentam ao corpo de alunos. Ainda, a intensa vivência na posição de mediador do processo ensino-aprendizagem requer atitude, envolvimento e paixão, para além, é claro, do profundo conhecimento e respeito à todas as diferentes áreas. Entenda-se atitude como a real tomada de consciência do papel do educador que, ao meu ver, vai muito além do ensino de conteúdos e da preparação para o mercado de trabalho. Educar consiste em provocar, instigar e se dedicar junto com os educandos (envolvimento e paixão), tendo em vista a busca por melhoras nos níveis sociais e políticos de uma comunidade. Assim, a educação passa a ter um magnífico poder de transformação da realidade de cada educando e se constitui em valor potente para a vida, diferentemente de uma simples preparação para uma prova de vestibular. Essa atitude por mim referida está para Paulo Freire e Ira Shor como sendo a capacidade necessária que os professores têm de pesquisar, re-conhecer e re-criar os conhecimentos previamente desenvolvidos por cientistas e pesquisadores. Dessa forma, a escola é sim um espaço de pesquisa, de busca e de re-criação, deixando de lado o idealismo capitalista da simples obtenção do conhecimento.

Obviamente, nem tudo é tão simples nesse ciclo interminável da educação. Um trabalho eficiente exige políticas corretas de um sistema educativo que, no Brasil, por exemplo, é um tanto falho e parece um pouco duro, enrijecido. Ainda que se tenham profissionais capacitados, precisa-se de condição de trabalho (incentivo à educação continuada), flexibilidade curricular e motivação/interesse por parte do grupo de alunos, fator este que tem provocado enorme sofrimento e frustração em profissionais recém-formados e que apontam as dificuldades que surgem frente às mudanças por uma melhora educacional. Muitos pais, por exemplo, ainda acreditam que as mudanças no campo da educação são incompetentes e acabam por repassar a perigosa idéia de que o autoritarismo e a repetição - centrais em paradigmas tradicionais de educação – são as formas mais eficazes para se garantir a aprendizagem (e este é apenas algum exemplo que aponta a dificuldade da sociedade em aceitar as transformações nesse campo). A falta de motivação dos alunos (e também do professor) destacada anteriormente é reversível de acordo com a compreensão de Freire que nos mostra a motivação como parte do processo de aprendizagem e não anterior à ela, como costumamos vê-la. Ele ainda revela que esta é “uma forma muito antidialética de entender a motivação”(p.15, 1986). De acordo com ele, “a motivação faz parte da ação.(...) você se motiva à medida que está atuando, e não antes de atuar.” (p.15, 1986)

Ser educador é, portanto, temer sem tremer. Ele deve estar preparado para enfrentar inúmeras dificuldades em sua prática que se estendem desde a aceitação de metodologias diferenciadas até o curto espaço de tempo para se atingir objetivos como a eficiente aprendizagem de uma massiva quantidade de conteúdos. Ser professor consiste em perceber as dificuldades e ser incansável na luta pela superação destas. É, ainda, perceber-se como agente político e com potencial de reversão e re-criação das realidades que o atormentam. É nossa tarefa liderar e saber nos portarmos como líder, estabelecendo relações horizontais e crendo sempre no diálogo como fator de aproximação entre idéias divergentes. Paulo Freire nos diz no texto O sonho do professor sobre a Educação libertadora que “o diálogo pertence à natureza do ser humano, enquanto ser de comunicação. O diálogo sela o ato de aprender, que nunca é individual, embora tenha uma dimensão individual.”(p. 14, 1986)

Numa perspectiva mais animadora e não menos verdadeira, ser educador é carregar em si a incrível missão de transformar, sempre que possível para melhor, a realidade social que o circunda. Além disso, a área da educação nos permite vivências múltiplas e únicas, em sua natureza, de aprendizagem constante, de apreensão de realidades distintas, de verificação de mundos e ideologias que se chocam, muitas vezes entre si, e/ou se complementam e se completam. Para um professor de séries iniciais, por exemplo, é significativa a mágica do processo de construção da capacidade de leitura do mundo através da alfabetização. No campo da Educação Física, minha área, mora a necessária compreensão dos benefícios que os diferentes exercícios físicos orientados e as práticas desportivas podem trazer para a manutenção da saúde mental e corporal humana. Assim, como nos diria Rubem Alves, ser um Educador é “ser um fundador de mundos, um mediador de esperanças, um pastor de projetos”. É como lapidar diamantes brutos, trabalhar a cerâmica e moldar uma linda peça.

Nossa tarefa maior é construir e manter um ambiente no qual nossos alunos possam vivenciar, experimentar, perceber a realidade, para uma posterior reflexão, criando assim a possibilidade de apropriação dos sentimentos envolvidos na tarefa, fatores que fortalecem o processo de aprendizagem. Educar é permitir o contato com a realidade com a intenção única de senti-la, percebendo os seus problemas e seus benefícios na totalidade. O profissional da educação precisa estar preparado para explorar o mundo que o cerca e, ainda, incentivar e fazer o convite aos seus alunos para a busca do entendimento das coisas desse mundo, sem o compromisso pronto de encontrar respostas para as perguntas, mas sim, com a idéia fixa de descobrir. A curiosidade faz parte da natureza humana e, juntamente com a vontade de aprender, constitui um fator disparador para a aprendizagem.

Enfim, ser educador é crer sempre na possibilidade de mudança, é fazer e esperar pela melhora. É nunca desistir de correr atrás de sonhos que pairam ao longe num horizonte chamado utopia.É ser profissional sempre, sem folga, mas com a recompensa inigualável de, além de lidar com o que se gosta, participar do processual e fantástico desenvolvimento humano. O educador acredita sempre no potencial do ser e, para tal, não precisa de provas além de sua própria crença. Finalizando, ser educador é sonhar, ainda que acordado, que um mundo melhor é possível e que, para isso, falta muito pouco. É seguir sempre em frente, construindo um futuro no qual a felicidade seja mais possível, tal como no pensamento de Eduardo Galeano (http://www.pensador.info/autor/Eduardo_Galeano/):
"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar."


Referências Bibliográficas:
SHOR, Ira e FREIRE, Paulo. Medo e Ousadia – O cotidiano do Professor. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1986.
Websites:
Frases de Eduardo Galeano, em http://www.pensador.info/autor/Eduardo_Galeano/, acessado em 21/04/2008.
WebSite que traz a vida de Rubem Alves e frases do autor: http://www.releituras.com/rubemalves_bio.asp, acessado em 21/04/2008:

Ser Gremista

É ser CAMPEÃO DO MUNDO e depois ser eliminado do gauchão pelo GUARANI de Venâncio, é ganhar o BI DA LIBERTADORES e perder para o PELOTAS dentro do Olímpico. É ser 4 vezes CAMPEÃO da COPA DO BRASIL e tomar goleada do GOIÁS no Serra Dourada. É levar 4 do Figueirense em pleno Olímpico... É perder uma Copa do Brasil para o Corinthians em casa e ouvir a torcida em pé cantar o Hino do Time, é ser respeitado pela impressa do centro do país como se fossemos uma Seleção Estrangeira... É chamar de Felipão quem os outros chamam de Scolari.. É destruir os banheiros do Inter e ser processado por isso... É ganhar do Campeão Brasileiro e levar 5 do Paraná que chutou 4 vezes ao gol... É abrir o placar e tomar 4 do Fluminense sendo um gol Olímpico e empatar faltando 4 minutos, é disputar uma RECOPA SULAMERICANA, goleando o INDEPENDIENTE no Japão e depois cair diante da ULBRA.
É ser BI CAMPEÃO BRASILEIRO e perder alguns GRENAIS que não levam o adversário a nada. É ter 4 JOGADORES EXPULSOS em campo, é JOGAR CONTRA TUDO E TODOS... É ver seu goleiro defender 1 penalty e o adversário chutar outro na trave, fazer um gol aos 61 minutos do 2º tempo com 4 jogadores expulsos e ser Campeão Brasileiro da Série B.
É estar ajoelhado em frente a televisão, é gritar até perder a voz, é escutar colorados que não tem do que se gabar, se gabando de seus títulos que o GRÊMIO JÁ CANSOU DE COMEMORAR... É ser o PRIMEIRO DO RANKING GERAL da CBF, DESCER À SEGUNDA DIVISÃO E AINDA ESTAR EM PRIMEIRO LUGAR!

Enfim, se alguém quiser encontrar o GRÊMIO, que não procure entre os eternos intermediários. Nós nascemos para viver de emoção mesmo... Estamos no topo, daqui há pouco lá embaixo, voltamos com força e subimos novamente e atrás da gente fica uma pilha de taças que poucos podem se orgulhar em ter. Só os FRACASSADOS não entendem que uma história de sucesso se faz de vitórias e derrotas. Felizes de nós,que temos uma história linda para nos orgulhar!!!

E o que nos espera? Ninguém sabe... PORQUE SER GREMISTA É VIVER,SABOREAR O DESCONHECIDO; A DERROTA E A VITÓRIA.
(Autor desconhecido pelo dono do Blog)