sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Curtindo a vida adoidado...

                  (Escrito por FERNANDO PFEFF)

                  O título deste artigo eu retirei de um filme de 1986, originalmente chamado de “Ferris Bueller’s Day Off”  que deu fama ao jovem Mattew Broderick. Talvez quando este filme estava sendo exibido nos cinemas do Brasil a grande maioria dos leitores deste blog ainda nem tinham nascido ou não passavam de um bebe feliz e cagado... (hehehe piada interna) mas já reprisou tantas vezes na Sessão da Tarde que  certamente todos conhecem a história do garoto mais popular da escola que resolve matar aula e, de quebra, levar seu melhor amigo e a namorada, desafia o diretor da escola, dança “Twist and Shout” num desfile no centro da cidade, induz o amigo a roubar a  Ferrari conversível da coleção do pai, mas no final dá tudo certo. Qual a moral da história?  Se analisarmos friamente é completamente amoral levando em conta toda a enganação que o garoto submete aos pais, professores e tantos outros que confiam nele. Mas a mensagem que o filme traz é que quero dar ênfase. É que todo mundo tem direito a aproveitar a vida ao máximo, mesmo que seja tudo ao mesmo tempo num dia só, afinal não sabemos o que o “amanhã” nos reserva.
                   Em fevereiro deste ano (mas parece que faz muitos anos) eu sofri uma sincope cardíaca provocada por uma arritmia que me rendeu 100 dias internado num hospital, 28 dentro da UTI, 3 cirurgias, 1 infecção hospitalar, 40 dias tomando antibiótico porrada nas veias e 1 ICD (Implantable Cardioverter Deffibrillator) ou um Cardioversor-Desfibrilador Implantável  que pode ser confundido com um marca-passo mas tem funções distintas. E em nenhum momento eu perdi o bom humor, sei que as pessoas me olhavam como se eu estivesse moribundo – e deveria estar, mesmo – mas eu não me sentia um moribundo, o que eu poderia fazer? Até que minha médica, cardiologista, chegou e me disse: “ – Cai na real, Fernando! Tu quase morreu!” Naquela noite, que deveria ser meu trigésimo dia ali, não houve remédio que me fizesse dormir. Repensei toda minha vida, acho que pra saber se se eu tivesse morrido eu iria pro céu ou pro inferno. Passei a questionar a existência de céu e do inferno, briguei com Deus porque Ele não me tirava daquele lugar quando eu mais queria, e comecei a fazer as minhas resoluções de ano novo, e na verdade não era de ano novo pois já estávamos em março, eram resoluções de vida nova, já que eu tinha nascido outra vez. A primeira coisa a fazer seria uma tatuagem. Ainda não fiz porque ainda estou em dúvida do que fazer, se uma phoenix, um Homem de Ferro ou a frase em latin Carpe Diem.  Mas comecei a repensar valores e os valores que eu atribuía a cada coisa da minha vida e percebi que muitas coisas que eu valorizava demais passaram a não ter nenhum valor. Deixei pra trás mágoas e perdoei muita coisa, deixei pra trás o orgulho e pedi perdão pra muita gente. Na outra vida ficou o medo de gastar mais do que poderia pagar e comecei a usar o dinheiro pra fazer as coisas que sempre quis fazer e não fazia porque não tinha dinheiro. Parei de implicar com minha sobrinha adolescente porque ela não quer fazer um curso de inglês. Não guardo mais revistas velhas, - é joguei fora minha coleção de VIP e Playboy – passei a usar chapéus, que não usava porque pensei que poderiam me achar ridículo, comecei a usar suspensórios pra fazer um style e to correndo atrás de um colete pra criar uma identidade. Já não escolho tantas músicas, só vou no cinema quando tiver certeza de que vou me divertir, então “Jogos Mortais” e “Atividades Paranormais” nunca terão minha presença. Já não me preocupo e nem perco o sono quando atraso uma conta. Ainda tenho que me livrar de alguns quilos recuperados após cirurgia... é, perdi 22 quilos nesta brincadeira mas recuperei 5 e quero me livrar deles outra vez, não por vaidade, mas por saúde mesmo. Mas não deixo de comer aquela taça de ambrosia, mas nem *odendo!
                   Costumo dizer que eu vi a morte de pertinho, minha sorte foi que ela não me viu.
                   Eu achava graça daquele monte de clichê sobre “aproveitar cada dia como se fosse o último”, Hakuna Matata e o próprio Carpe Diem! Mas numa situação de lembrar de Santa Bárbara quando troveja pensei em todas estas frases de efeito e prometi pra mim mesmo por todas em prática. Na verdade, prometer pra si mesmo é sempre mais fácil de não cumprir a promessa. Uma porque a gente não vive sozinho e outra que as pessoas que nos rodeiam não passaram pela mesma experiência. Nem percebem que estamos mais... mais... humanos, compreensivos, é claro que estão felizes por termos sobrevivido, mas sobreviver é o mínimo que poderíamos ter feito. Neste caso, EU poderia ter feito. A outra opção, não quero nem comentar porque doeria mais em mim a idéia de não conviver com as pessoas que eu amo sem saber onde de fato eu estaria, do que neles porque o tempo faria com que esquecessem, sentiriam saudades, chorariam, diriam que eu era um cara legal e a vida continua.
                   Mas a vida continua pra mim também...
Não, eu não vi a luz, nem fiquei inconsciente por tempo suficiente pra me considerarem em coma, o que é mais difícil pra explicar estas novas sensações estando lúcido o tempo inteiro. Mas não sei se isso ocorre só comigo ou se outras pessoas que “quase morreram” têm estas mesmas considerações.
Então... Voltando ao foco, o que eu quero é dizer pra todo mundo viver a vida fácil, sem complicações, nós humanos temos uma mania tão feia de complicar as coisas fáceis, culpar os outros e se defender dizendo que está estressado. Vai ser feliz! Faz tudo que der vontade sem se preocupar se irão te achar ridículo e pra não fugir muito das frases prontas... Viva cada dia como se fosse o último, hoje aqui, amanhã não se sabe e curta a vida adoidado...

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Pensando e repensando a educação...[3]


(Escrito por CÁSSIA CASTRO)
Se é para falarmos sobre educação, eis-me aqui! Gostaria de iniciar meu texto com uma mensagem que ouvi ainda quando estava cursando meu pós em psicopedagogia. Já ouviram falar no Sermão da Sexagésima, do Padre Antônio Vieira? O tema central do Sermão da Sexagésima é a ‘Parábola do semeador’, tirada do Evangelho Segundo São Lucas.  Nele, porém, o Padre Vieira usa de uma metáfora: pregar é como semear. E, por esse caminho, ele tenta saber o porquê de os sermões católicos não estarem mais surtindo efeito (ou surtindo pouco efeito) entre os cristãos. Ele examina a culpa do pregador, considerando sua palavra, sua ciência, o estilo do seu sermão e até sua voz. Segue por vários caminhos até chegar a sua conclusão: os pregadores tinham perdido sua fé e, destorcendo as palavras da Bíblia para defenderem interesses mundanos, não atingiam mais a sua meta: pregar a palavra de Deus.

Gostaria aqui traçar um paralelo entre o texto citado a cima e a educação. Nossos professores (os semeadores/pregadores para o Padre Antônio Vieira) já perderam a fé há muito tempo, não acreditam mais nas palavras que ‘pregam’, e, na sua maioria, ainda não se deram conta disso. Os pregadores também perderam sua fé. Nossos alunos não querem mais saber de aprender, e aqui eu me refiro ao ‘aprender para libertar’, como dizia Paulo Freire. Tentem entrar em uma sala de aula e verão o que eu digo: se o professor não vier „cheio de coisas interessantes“ e bem mastigadinhas, aluno nenhum quer saber do que ele fala. E aqui, comprarei uma briga bem grande, pois, a meu ver, um dos princiais motivos do porquê da ‚decadência‘ da nossa educação está na família. Famílias dilaceradas, onde não existe o respeito nem o amor, povoam nossa sociedade. E não estou aqui tentando tirar a culpa das costas dos professores, não. Mas acho que temos que ir um pouco mais ‘a fundo’, para entender bem o que se passa, para, de repente, encontrar o exato ponto onde deixamos de ensinar e passamos a simplesmente ‘passar conteúdos’.

Como já dizia minha mãe (e aposto que vocês já ouviram isto também): saco vazio não para em pé. Isso diziam as mães às crianças que não queriam comer. Deixando de lado o fato de muitas das nossas crianças não terem em casa o que comer, o que interfere e muito na educação, quero utilizar a frase a cima para aprofundar o assunto da família: nossas crianças são, na sua maioria, como sacos vazios: vazios de respeito, vazios de limites, vazios de amor, de abraços, de olhares, de cuidados, etc, etc, etc. E isso é uma das bases da nossa „pirâmide“, é o que nos move, o que nos sustenta, o que nos faz ir a diante. Agora minha pergunta: quem consegue aprender assim? Aprender para libertar! Libertar do quê? O que se vê nas salas de aula são seres que necessitam prender-se: prender-se nos braços e abraços carinhosos dos pais, prender-se nos limites de respeito impostos por pessoas que, apesar de todas as dificuldades que a vida oferece, estão e estarão sempre ali, ao lado de seus filhos, para lhe segurarem as mãos e darem a eles a força que precisam para ir em frente, apesar de todas as diversidades. 

A meu ver, enquanto não estruturarmos as nossas famílias, não vamos ter progresso nenhum em relação à educação. Os professores tem que entrar em uma sala de aula para ensinar os conteúdos que aprenderam na universidade, que foram preparados para ensinar. Professor deve exigir respeito e não ter a incumbência de ensinar aos seus alunos o que é respeito. Professor deve ser professor, mestre, aquele pelo qual nos orgulhamos. Pai e mãe devem ser pai e mãe, impor limites, mostrar aos filhos o que é ser educado, o que é ser gente e o que é ter respeito pelos mais velhos. Enquanto esses papéis não estiverem bem definidos, continuaremos a divagar sobre métodos, conceitos e concepções, para que as nossas palavras ecoem pelo tempo e algum dia toquem os ouvidos (ou os olhos) daqueles que têm o poder de fazer alguma coisa: nós mesmos! E ai assim, terei o prazer de discutir sobre a escola conteudista que temos hoje no Brasil, e então poderemos verificar que sim, este aluno que está na escola para aprender os conteúdos, para se preparar para o trabalho, e que foi educado em casa por seus pais, dentro dos limites da razão e da coerência, este sim poderá no ensino médio ‘escolher’ a direção que seguirá profissionalmente e deixar de lado as disciplinas que não ‘precisará’ mais. Mas para isso é preciso em longo caminho de estruturação dos nossos pequenos. Para que eles aprendam o valor das coisas, e não o seu preço.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Pensando e repensando a educação...[2]

(Escrito por JEFFERSON CASTRO)

Eis que tentarei, aqui, escrever de maneira a estabelecer um diálogo e elucidar meus pensamentos acerca da temática abordada pelo amigo Rodrigo Mallmann no texto "Pensando e repensando a educação...".

Para se falar sobre o assunto educação, é preciso que tomemos consciência sobre o que é educar: Muitas fontes tratam o ato de educar como processo de desenvolvimento moral, intelectual e físico ou, ainda, abordam a questão da promoção/desenvolvimento de boas maneiras.
Não entendo a educação como processo que se dá de fora para dentro (apreensão da realidade exterior) e muito menos aceito a idéia de que alguém eduque outra pessoa (e isso não significa a não-necessidade da existência de professores, mas, sim, a reconfiguração de sua função). Compreendo a educação, em concordância com autores/pensadores como Paulo Freire,  como um processo pessoal de busca que precisa ser orientado/facilitado/mediado por alguém (mas é processo pessoal). Com base nisso, se eu pudesse resumir (embora os resumos sejam, em geral, limitadores demais) o processo de educar-se, me valeria de dessa expressão: "aperfeirçoar-se" (tornar-se melhor, busca por ser sempre mais, perceber-se inacabado e, principalmente, perceber-se responsável pela construção de sua história).

Para não me estender demais nesse ponto, citarei um trecho das Primeiras Palavras, parte inicial do livro Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire, que, para bom entendedor, fala muito sobre educação:
“[…]Na verdade, seria incompreensível se a consciência de minha presença no mundo não significasse já a impossibilidade de minha ausência na construção da própria presença. Como presença consciente no mundo não posso escapar à responsabilidade ética no meu mover-me no mundo. Se sou puro produto da determinação genética ou cultural ou de classe, sou irresponsável pelo que faço no mover-me no mundo e se careço de responsabilidade não posso falar em ética. Isso não significa negar os condicionamentos genéticos, culturais, sociais a que estamos submetidos. Significa reconhecer que somos seres condicionados mas não determinados. Reconhecer que a História é tempo de possibilidade e não determinismo, que o futuro, permita-se-me reiterar, é problemático e não inexorável.”
A invocação da responsabilidade ética de cada educando precisa ser a essência da educação.
É evidente que todo sistema educacional precisa estar (e está) diretamente vinculado a projetos de mundo (ou de comunidades, cidades, estados e países). Ter finalidades e objetivos são requisitos básicos para qualquer processo educacional. O grande desafio está em saber quais são os objetivos que estão sendo buscados em cada sistema. Sigamos adiante...

O sistema educacional brasileiro, por vivermos dentro de uma lógica mundana capitalista e empilhados numa sociedade de classes (vejo duas: a classe dominante e a classe dominada), traz como fiinalidade principal do seu processo a PREPARAÇÃO DO CIDADÃO PARA O MERCADO DE TRABALHO!
Vamos ver isso nos escritos de nosso país?

"TÍTULO II: Art.2o. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho." (Lei 9.394/96 - Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional)
Desde já adianto que sonho com um mundo bastante diferente, mas compreendo as dificuldades para se chegar lá. Não sou contra o trabalho, mas, sim, contra as proporções grotescas que o trabalho tomou nas sociedades de hoje (ver texto "Escravos em pleno Séc. XXI...!?"). O grande problema está no fato de termos, no Brasil, uma educação que parece ter se engessado e esquecido dos seus outros compromissos com a sociedade, quais sejam: desenvolvimento pleno do educando e preparo para exercício da cidadania. As aulas, hoje em dia, passaram a ser um emaranhado de saberes desconexos e sem qualquer sentido para os alunos, em muito porque são saberes necessários para serem aplicados junto com técnicas e modos de fazer no [possível] trabalho posterior... Assim, a geometria pode ser importante para quem for trabalhar com arquitetura (e torce-se sempre para haja um futuro arquiteto na turma)! A Educação Física "precisa" abordar os esportes: e toma-lhe bola para a galera, sem qualquer problematização social possível do esporte. E os sentidos ficam prejudicados... E os alunos ficam perdidos!

Puxando Paulo Freire novamente para essa conversa, lembro que ele afirma que os educadores precisam tomar uma decisão diante de sua tarefa (e tendo compreendido sua responsabilidade ética enquanto profissional): educar para libertar (educar para a reflexão) ou educar para a manutenção do modelo vigente (adestrar). Ele ainda afirma que educar, no único sentido em que julga aceitável, implica subverter a ordem classista atual, ampliando a margem de poder das classes menos favorecidas e igualando as oportunidades de comando.

O texto de Rodrigo Mallmann em muitos momentos permite aproximações com as visões que busquei deixar expressas aqui nesse pequeno trecho. É fundamental que busquemos uma educação que provoque a reflexão, que permita aos educandos o seu desenvolvimento intelectual, físico e artístico e que permita que as pessoas sejam dinâmicas... Os métodos, realmente, estão muito atrasados e, em geral, a escola e seus professores se tornaram grandes inimigos dos alunos. O aprender virou obrigatoriedade e já não é mais compreendido como parte daquele compromisso ético de "sermos sempre mais". O mundo gira em torno do trabalho e, para trabalhar, há que se estudar muito muito muito!!

A educação, portanto, precisa ser questionadora de toda essa lógica de mundo na qual estamos inseridos e da qual fazemos parte. Não podemos simplesmente aceitar o sistema como ele é: faz-se mister problematizar, principalmente quando [todos] percebemos que a situação nos agrada por completo... Persigamos, mesmo, o "por que[?]" das coisas, superando a simples satisfação com o "porque sim[!]", e daqui partiremos para processos nos quais a reflexão crítica da realidade (que é constructo histórico-social) assuma o lugar da mera transmissão de conteúdos e técnicas.

A meu ver, a mudança da sociedade e da educação dependem, em muito, do despertar para a compreensão absoluta de que cada ser humano é parte fundamental do todo e do entendimento extremamente necessário da sua responsabilidade ética diante da construção da sua história. Isso tudo implica, obrigatoriamente, a libertação do homem-objeto para sua transformação em homem-sujeito, dono de seu caminho e profundo conhecedor de si e da sociedade que o cerca. Fala-se aqui, de educação para a liberdade e não de adestramento para um mercado de produção e consumo. Fala-se, em suma, de uma esperança gigantesca de que os sonhos e as utopias possam ser sempre perseguidos num mundo no qual o trabalho seja uma forma de se viver (e não para se sobreviver) e, ainda, onde a felicidade, mais que o dinheiro, seja o bem mais precioso.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Pensando e repensando a educação...

O texto abaixo foi escrito por Rodrigo Mallmann, amigo que me propôs essa escrita e a publicação. A partir desse texto, em breve, escreverei um (ou uns) outro (ou outros), na tentativa de estabelecer diálogo. Para tal feito, convido a todos que lêem esse blog para se juntarem à discussão, escrevendo seus próprios textos e entrando em relação dialética comigo e com os demais autores. Fica a proposta e o convite.  Vamos tentar para ver no que vai dar?

A quem quiser enviar textos sobre o assunto (Educação), peço que os enviem para mim pelo endereço de e-mail jefferson.castro.efi@gmail.com . 

Segue o primeiro texto, portanto:

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(Escrito por RODRIGO MALLMANN)

Antes de passar à segunda linha desse texto, cabe ressaltar: Não tenho formação pedagógica, teórica, nem sou discípulo de Paulo Freire ou qualquer outro estudioso da educação.  Sou apenas um cidadão que tenta pensar as coisas de modo um pouco mais profundo do que a superficialidade do sistema oferece.
                A meu ver, a formação escolar deve ser, acima de tudo, uma formação pensante, uma forma de estímulo ao desenvolvimento de capacidades intelectuais, físicas e artísticas que trabalham de forma a auxiliar no crescimento da sociedade a partir do crescimento individual.  Desde a educação infantil até o ensino superior, a idéia deveria ser unicamente essa: a aquisição de conhecimento para aprimoramento próprio e conseqüentemente, aprimoramento social. É estatística: quanto maior a educação, maior o desenvolvimento de um grupo.
                Acontece que a educação estagnada não te faz pensar. Tratar o ensino como se fosse uma receita de bolo é menosprezar a capacidade individual de cada aluno. A educação infantil deveria preparar as crianças para o mundo escolar, desenvolvendo formas de percepção que muitas vezes, em virtude da inércia desse trabalho, acaba acarretando em dificuldades de atenção, abstração, e compromete toda a vida de aprendizado posterior. O ensino fundamental, como o próprio nome diz, deve ensinar o fundamental, o essencial que todo adolescente que está prestes a decidir seu futuro deveria saber. E o conhecimento acumulado nesse período reflete muito nas escolhas futuras.
                O Ensino médio, hoje em dia, nada mais é que um preparatório para o vestibular. A função do ensino médio, que deveria ser aprimorar os estudos para áreas específicas, está pouco se importando com essas questões. As escolas não querem saber como está a qualidade de seu ensino, só trabalham com índices de aprovações em universidades federais. E aí eu ergo uma bandeira polêmica. A especificidade de disciplinas no âmbito do Ensino Médio.
                É público e notório que, no âmbito empresarial, uma possibilidade de crescimento, e um poder de decisão servem como motivador, pois lhe dá autonomia para caminhar por trilhas que tu escolhe por vontade própria. Essa seria a idéia de um sistema de aprofundamento multidisciplinar que permitira trabalhar melhor as questões que preparariam o profissional para atuar em determinada área. Ou seja, não existira razões para um estudante que busque trabalhar com pessoas, na área das ciências humanas, que passe 2 anos de sua vida estudando ligações iônicas ou logaritmos.
                Toda a bagagem de estudos básicos, que todos devem saber para estar minimamente aptos à vida civil, devem ser passados no ensino fundamental.  A partir daí, o aluno poderia optar por tipos de currículos que favoreçam os seus interesses. E quando do ingresso na faculdade, aí seria feita a análise dos requisitos essenciais para ingresso em cada área, que comportaria um profissional mais bem preparado para aquele ramo de estudos onde ele pretende atuar.
                O mundo hoje pede pessoas dinâmicas, com capacidade de desenvolvimento de atividades em diversas áreas. Mas um estudo mais aprofundado acerca de sua formação profissional permite que se crie essa capacidade de abstração e se permita pensar o seu trabalho ou seus estudos de forma multidisciplinar. Paremos de criar massas de manobras, mas sim passaremos à formação de cidadãos pensantes, com capacidade de vislumbrar um mundo de modo mais consciente, e de acordo com as necessidades existentes, e não simples repassadores de conhecimentos que desconhecem o porque de tudo.
                Partamos do princípio de que a educação precisa ser revista. Métodos da Idade Moderna, de preparação de um proletariado maleável conforme os desejos da massa empregadora não podem mais ser comportados dentro de uma sociedade moderna. Devemos parar de ouvir respostas prontas pra questões pré-concebidas e partir a fazer perguntas questionando a origem e quais os objetivos presentes em cada cadeia de estudos. Sempre o “Por que”, nunca o “porque sim”.